No primeiro post falei de caras consagrados, agora vou falar de 3 "novos" quadrinistas que eu esbarrei na internet, todos por causa do Eisner Awards("Oscar" dos quadrinhos). Esses 3 autores tem algumas características muito parecidas, o traço deles é de certa maneira mais simplista(apesar da Alison conseguir descrever em detalhes muitos cenários da sua infância), abrindo um espaço maior pra que suas história auto-biográficas tenha a atenção que merecem.

A Marjane Satrapi é uma figuraça que conseguiu contar muito sobre a cultura e história da seu país, o Irã, no seu livro de estréia, Persépolis. o livro é muito bom, principalmente para quem não tinha tanta informação sobre o irã e tem apenas uma visão bem pequena sobre os seus costumes e seus conflitos. O texto da marjane é ótimo, as situações são bem interessantes e os conflitos de uma menina de família liberal em um país de governo ditador é impressionante. O filme lançado é bem fiel ao livro e consegue passar muito do que a marjane colocou na sua história, claro que isso aconteceu porque ela participou de todo o processo. Depois de lançar Persépolis, ela lançou o Frango com Ameixas que seria algo como um conto sobre seu tio-avô, uma história mais light. Ahh sim, tem uma coisa legal que a marjane passa pro livro que é o fato de se desenhar, de definir como vc vai aparecer no livro kkkk, doideira isso, principalmente pra mulher que tem toda uma relação complicada isso(a maioria das mulheres na verdade :P).

Se a marjane nos mostra muita da sua cultura e da sua vida, a Alison Bechdel escancara tudo sobre sua família em um livro totalmente íntimo. Em Fun Home Alison mostra como chegou ao que é hoje, analisa sua relação com seu pai e como isso tudo influenciou nas suas decisões e convicções atuais. Aconselho a não ler muito sobre o livro, tentar descobrir quem é Alison Bechdel e seu pai através da história é muito mais interessante, foda que qualquer resenha sobre o livro entrega logo o que eles tinham em comum e onde divergiam tanto, não que saber disso atrapalhe a leitura, já o importante é todo o caminho e não somente o resultado.
Catei isso no blog
Connector : "Durante sete anos, Bechdel trabalhou arduamente no projeto de seu álbum, revisitando seus antigos diários (alguns escritos em um período de transtorno obsessivo compulsivo), utilizando fotos de álbuns de família como referência para seus desenhos, confeccionando mapas geográficos para entendermos melhor a história, reproduzindo capas de jornais e cartas à mão e, acima de tudo, demonstrando uma empatia comovente para com a figura controversa de seu pai.
Em termos narrativos, Alison se valeu de um catatau de referências literárias (não gratuitas, mas devido às paixões intelectuais de família Bechdel) que vai de Marcel Proust a James Joyce. Entremeada de citações mas sem prejuízo para o espectador iletrado (grupo no qual me incluo), a rede de lembranças é explorada de forma não linear, com saltos para frente ou para trás que não trazem qualquer obstáculo à compreensão da história por um motivo muito simples: é assim que a nossa memória funciona."

O livro do Craig Thompson, Blankets(acabou de ser lançado no Brasil como Retalhos!), é algo completamente diferente de qualquer outro quadrinho que li, pra tentar descrever melhor dizer que uma vez li uma descrição sobre esse livro bem assim(acabei de ir procurar na internet pra poder citar :P) "Se HQ fosse poesia, seria Blankets"(Télio Navega, jornalista). Impressionante como 600 páginas fluem com uma leveza, uma tranquilidade. Quando falo em tranquilidade e leveza por experiência própria, li o livro em menos de 1 dia, sem cansaços, apesar de ter me arrependido de não ter tido o dicernimento de dosar guardar um pouco pra mais tarde, sei lá, prolongar a sensação kkkk. Blankets como a história do próprio Craig - como vcs já devem ter imaginado - ele cresceu em uma pequena cidade de Wisconsin, EUA, extremamente fria e cristã, lá ele viveu toda as pressões de uma comunidade quase que "xiita", viveu uma infância bem próxima do seu irmão, fala sobre o primeiro amor e por aí vai.
Eu já indiquei o livro pra algumas pessoas e sempre digo que tem pouco texto e é assim que o autor vai criando a sua poesia, é um exercício de imaginação e isso não faltavam a craig e seu irmão, com quem dividia uma cama de casal quando eram pequenos.
A crítica a religião está presente em boa parte do livro, mesmo quando como quem não quer nada craig mostra como aconteciam as idas a igreja ou o catecismo. Esse livro é uma achado, comprei fora do país, pela amazon, um presente :P, vi na escariz a versão em português e fiquei doido pra comprar, não sei porque, não sei se pra comparar, se pra revisitar a história e corrigir qualquer coisa que interpretei errado ou simplesmente pra poder reler o livro.
Falei desses 3 agora e posso dizer que fico impressionado como eles encontraram maneiras fodásticas de mostrar uma parte de suas vidas, de mostrar mais do que a maioria tem coragem de mostrar. Diferente do que ocorreu com os caras do primeiro post, nesses 3 livros a ação é outra a emoção é bem diferente.
O próximo post será sobre alguns brasileiros. Depois disso posso falar de outros livros, algumas obras mais avulsas, de ficção, algo mais próximo do HQ normal mesmo.
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